IAM - Pragmática da Comunicação - Conceito

Adriano Duarte Rodigues in "(Linguística e Comunicação) A Partitura Invisível - Para uma Abordagem Interactiva da Linguagem" (Lisboa, Edições Colibri, 2005) definiu o conceito de Pragmática da Comunicação.
Não querendo ser uma especialista (que não o sou, sou apenas uma estudante do tema, no âmbito da Comunicação Empresarial) resolvi fazer um pequeno resumo do texto deste autor, que, na minha modesta opinião, conseguiu definir a Pragmática da Comunicação de forma clara e que pode ajudar a entender este tema.

O termo pragmática é muitas vezes confundido com o termo prática. Ora nada como procurar a origem de uma palavra para conhecermos o seu verdadeiro significado.

De origem grega, o termo pragmática surgiu do substantivo "he pragma" (negócio, assunto), tem como significado "cuidado, o trabalho ou aplicação que se põe na confecção ou no fabrico de alguma coisa".

Tendo sido aplicado em várias áreas (desde o direito á filosofia, passando pela matemática), o termo pragmática, a partir de 1851, passou a denominar uma corrente filosófica norte-americana, encabeçada por William James e Charles S. Pierce, que defendia que "o valor prático de uma proposição é considerado como o critério da sua verdade ou, pelo menos, da sua aceitabilidade".

Peirce identificou três dimensões de signo, dimensões essas que Charles Morris veio a designar de:
  • Dimensão Semântica - relação dos signos com os objectos que representam
  • Dimensão Sintáctica - relação dos signos entre si
  • Dimensão Pragmática - relação entre o signo e os seus interpretantes

Segundo Adriano Duarte Rodrigues não é bastante um enunciado ser percebido linguisticamente, é necessário que tanto o locutor (que enuncia o enunciado) e o alocutário (quem descodifica o enunciado) estejam "dentro" do mesmo contexto, ou seja, por exemplo se alguém enunciar "ele bateu à porta", significa que um indivíduo do sexo masculino, que não é nem o locutor nem o alocutário, bateu à porta. Mas, este enunciado continuará indeterminado, uma vez que não podemos atribuir um nome próprio à pessoa que bateu à porta e de quem se fala, nem sabemos o porquê do locutor ter proferido o enunciado, isto é, não sabemos se estava a responder a uma pergunta do alocutário, ou se estava a constatar um facto, nem qual é o momento e o espaço em que o enunciado foi proferido. Podemos então dizer que, semânticamente, o enunciado tem sempre o mesmo valor, mas pragmaticamente terá sentidos diferentes.

Um enunciado adquire sentidos diferentes consoante as pessoas, situações, lugares, momentos e das razões que levaram à sua enunciação. Este estudo cabe á Dimensão Pragmática, que o vai inserir numa situação interlocutiva.

Ao determinarmos a significação de um enunciado, está-se a definir o seu valor semântico, é-se capaz de compreender o que exprime numa língua comum aos intervenientes. No entanto, para entender qual o seu sentido, as razões porque foi enunciado é necessário ligar o enunciado a uma situação interlocutiva concreta e única. Esta possibilidade torna o discurso relevante, plausível e razoável e, são precisamente estas três características (Relevância, Plausibilidade e Razoabilidade) que dão sentido a qualquer enunciado.

Podemos então afirmar que a "pragmática compreende o estudo das relações de referência que a linguagem estabelece com o mundo extra-linguístico, com as situações e os contextos enunciativos, e das maneiras como estas relações se estabelecem."

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