IAM - Pragmática da Comunicação - Conceito

Adriano Duarte Rodigues in "(Linguística e Comunicação) A Partitura Invisível - Para uma Abordagem Interactiva da Linguagem" (Lisboa, Edições Colibri, 2005) definiu o conceito de Pragmática da Comunicação.
Não querendo ser uma especialista (que não o sou, sou apenas uma estudante do tema, no âmbito da Comunicação Empresarial) resolvi fazer um pequeno resumo do texto deste autor, que, na minha modesta opinião, conseguiu definir a Pragmática da Comunicação de forma clara e que pode ajudar a entender este tema.

O termo pragmática é muitas vezes confundido com o termo prática. Ora nada como procurar a origem de uma palavra para conhecermos o seu verdadeiro significado.

De origem grega, o termo pragmática surgiu do substantivo "he pragma" (negócio, assunto), tem como significado "cuidado, o trabalho ou aplicação que se põe na confecção ou no fabrico de alguma coisa".

Tendo sido aplicado em várias áreas (desde o direito á filosofia, passando pela matemática), o termo pragmática, a partir de 1851, passou a denominar uma corrente filosófica norte-americana, encabeçada por William James e Charles S. Pierce, que defendia que "o valor prático de uma proposição é considerado como o critério da sua verdade ou, pelo menos, da sua aceitabilidade".

Peirce identificou três dimensões de signo, dimensões essas que Charles Morris veio a designar de:
  • Dimensão Semântica - relação dos signos com os objectos que representam
  • Dimensão Sintáctica - relação dos signos entre si
  • Dimensão Pragmática - relação entre o signo e os seus interpretantes

Segundo Adriano Duarte Rodrigues não é bastante um enunciado ser percebido linguisticamente, é necessário que tanto o locutor (que enuncia o enunciado) e o alocutário (quem descodifica o enunciado) estejam "dentro" do mesmo contexto, ou seja, por exemplo se alguém enunciar "ele bateu à porta", significa que um indivíduo do sexo masculino, que não é nem o locutor nem o alocutário, bateu à porta. Mas, este enunciado continuará indeterminado, uma vez que não podemos atribuir um nome próprio à pessoa que bateu à porta e de quem se fala, nem sabemos o porquê do locutor ter proferido o enunciado, isto é, não sabemos se estava a responder a uma pergunta do alocutário, ou se estava a constatar um facto, nem qual é o momento e o espaço em que o enunciado foi proferido. Podemos então dizer que, semânticamente, o enunciado tem sempre o mesmo valor, mas pragmaticamente terá sentidos diferentes.

Um enunciado adquire sentidos diferentes consoante as pessoas, situações, lugares, momentos e das razões que levaram à sua enunciação. Este estudo cabe á Dimensão Pragmática, que o vai inserir numa situação interlocutiva.

Ao determinarmos a significação de um enunciado, está-se a definir o seu valor semântico, é-se capaz de compreender o que exprime numa língua comum aos intervenientes. No entanto, para entender qual o seu sentido, as razões porque foi enunciado é necessário ligar o enunciado a uma situação interlocutiva concreta e única. Esta possibilidade torna o discurso relevante, plausível e razoável e, são precisamente estas três características (Relevância, Plausibilidade e Razoabilidade) que dão sentido a qualquer enunciado.

Podemos então afirmar que a "pragmática compreende o estudo das relações de referência que a linguagem estabelece com o mundo extra-linguístico, com as situações e os contextos enunciativos, e das maneiras como estas relações se estabelecem."

CJT - O Novo Site Do ISCAP

Este artigo pretende criticar construtivamente a nova página do ISCAP. Não é intenção estar por aqui a "armar-me aos cucos", a intenção é apenas a de analisar as coisas conforme eslas estão na actualidade: muito melhores e com oportunidade de melhorar ainda mais.
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O ISCAP renovou o site - e fez muito bem. O antigo estava gasto, era lúgrube, tinha informação confusa e o acesso a esta era difícil.
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O novo site está bem melhor. Mais funcional, com uma leitura fácil e a fazer os olhos circularem pela pela página, aparenta levar o rato a clicar nas mais diversas ligações. Tem um desenho sóbrio mas aprazível e não exagera nos flashes e quadros dinâmicos.
No entanto, creio poderem ainda acabar algumas obras e aprimorar alguns acabamentos.
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Uma das primeira coisas a fazer, a meu ver, seria a redistribuição da página: a coluna da direita, com menos informação, está desproporcionalmente mais larga em relação à central, com mais informação.
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Uma das novidades que poderá ser um dos mais valiosos contributos para a obtenção de informação actualizada por parte dos Alunos e demais públicos é o formulário de subscrição de e-mail. E, reparem, não digo "a possibilidade de subscrição de notícias por e-mail". Falo apenas do formulário que, por agora, é a única coisa que consegui conhecer. Já o preenchi há uns dias [na data da "inauguração" do novo site] e, até agora, ou não houveram novidades ou aquilo não funciona.
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Ainda na página inicial, o site oferece-nos uma agenda, ou o resumo desta, que nos informa das datas e eventos mais recentes. E por recentes entenda-se os futuros e os passados. Nada contra isto mas, se é certo que podemos ficar a saber o que se irá passar no Infocomm 2007, também é certo que ficamos sem saber o que se passou na Semana Internacional do ISCAP pois, em vez de o site apresentar uma reportagem acerca do que se passou, apresenta unicamente o programa... passado. Mais uma curiosidade acerca deste módulo da página principal é o facto de os eventos se apresentarem em sequência cronológica descendente, quando deveria acontecer o inverso.
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Entretanto, os principais serviços OnLine dedicados aos utentes do Instituto estão agora bem localizados e identificados, não sendo necessário recorrer à antiga barra lateral que era mais um engarrafamento de informação que uma ferramenta de acesso. E ainda por cima, este módulo ficou bonito. Creio que é mesmo a primeira coisa para onde olhamos em toda a página. Ficou bem onde está, mesmo ao lado das notícias.
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O bloco central do site está muito bem estruturado. Apresenta uma imagem aleatória que muda a cada pageload [pessoalmente, preferiria que esta fosse mudando em forma de apresentação enquanto a página está carregada] e a barra de links no topo deste módulo faz a vista percorrer a página em "F".
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Por sua vez, a barra de links vai dar a páginas com diferentes tipos de informação mas com uma característica comum: nenhuma delas possui um link de "forward", "go to" ou "vá para". Somos obrigados a subir o rato uma vez mais para a barra de links, o que, como todos sabemos, é uma trabalheira desgraçada. Como nota curiosa podemos verificar que as páginas acedidas a partir dos títulos do módulo "Em Destaque", apresentam o link "Voltar" mas não apresentam o link "Seguir para o próximo destaque"... ou coisa assim. Isto é, se quisermos ler o próximo, temos que voltar à página inicial.
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O cabeçalho está engraçado e não há nada a apontar.
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O módulo "Notícias" funciona à semelhança do "Agenda" com excepção de não existir um critério cronológico, o que também não faz falta alguma. Por sua vez, a barra lateral está bastante simplificada na sua utilização e o acesso aos variados módulos que a compõe é completamente diferente do que se podia esperar ao aceder ao antigo site. Esta é uma das melhores modificações que este site teve. Apenas um reparo: a utilização de siglas e acrónimos não é aconselhável num site que se espera aberto aos diversos públicos e não só ao público interno. Coisas como "I&D no ISCAP" não significam nada. Ainda por cima, acedendo a essa página, encontramos por lá títulos como "CEI", CEISE/STI", "PAOL", etc. Poderão existir utentes do ISCAP que estejam familiarizados com essas siglas [?] mas decerto que outros não estarão e, num site, coisa que não se compreende é rejeitada logo à partida.
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Por último, alguns pequenos detalhes: a existência de link directo para o e-mail é coisa boa para spammers. A inclusão de um formulário de e-mail seria o ideal, especialmente se este puder trabalhar com filtros.
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Uma outra coisa boa seria a inclusão de um Feed RSS ou Atom. Para pessoas que não têm muito tempo a perder e para outras que, tendo um blog como este, gostam de ter as últimas actualizações dos seus sites preferidos ali mesmo, expostas na barra lateral.
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Por fim, uma nota que considero de muita importância: o ISCAP é feito pelos seus Docentes, Pessoal e Alunos. Não se compreende pois que a página da Associação de Estudantes esteja em domínio próprio. Suponho que seria muito mais engraçado ver a página no domínio iscap.ipp.pt e as suas novidades na página principal.
Isto, claro está, para nem falar nos blogs de cursos...

CJT - A Importância De Uma Pequena Conversa

Não é à toa que se conversa. Talvez a maior parte das conversas que temos sirvam, efectivamente, para transmitir uma mensagem. Digo isto porque muitas das que tenho fazem-me duvidar da efectividade de transmissão do texto. Sei que isto é uma "heresia" em termos comunicativos mas não consigo deixar de o pensar. Ainda hoje tive uma graaaaande conversa que resultou em menos que nada. Creio que foi o que se pode chamar uma conversa de surdos. Ou talvez se trate mesmo do que estivemos a discutir, relacionado com a pragmática conversacional - aquela coisa em torno da metalinguística, aquilo de "sintonizar" as cabeças e as sentenças. Pensando bem, talvez os teóricos tenham alguma razão.

Adiante. Temos conversado acerca da comunicação e, dentro desta, de canais ascendentes, descendentes, temos andado a ver do que se trata, afinal, de enviar textos dentro de uma empresa, para o nosso público interno. Falamos de conceitos diversos, afloramos o endomarketing e, na realidade, tudo não é senão uma simples coisa: a necessidade de nos fazermos entender.

Mas é fazermo-nos entender que não é tão simples como isso. Quantas vezes dizemos que "Fulano não compreendeu o que eu lhe disse"? Na minha opinião, essa pergunta, por si só, é falaciosa. Tenho por norma nunca perguntar "percebeste o que te disse?", mas sim "Fiz-me entender?". É diferente.

É que, vendo bem as coisas, se alguém não compreendeu o que eu lhe transmiti, é por um único motivo: porque eu não expliquei bem. Podemos mesmo estar a tentar explicar algo a uma criança ou a alguém completamente ignorante, até mesmo a um indivíduo com algum tipo de anomalia psíquica. A minha opinião é que, uma vez mais, se ele não entendeu é porque eu não me fiz entender. Daí a famosa expressão "Explica-me isso como se eu fosse muito burra" que andou a circular numa campanha publicitária.

As empresas têm a sua visão, a sua missão, a sua estratégia. Fazem o seu planeamento. Tentam transmitir todos esses conteúdos ao trabalhador por meio das mais diversas ferramentas. No entanto, continuamos a verificar falhas de interpretação e a consequentes quebras de produção, volume de vendas, etc. Tudo porque, aparentemente, "o pessoal não conseguiu interiorizar" as expectativas.

Neste sentido, a comunicação é quase um valor em si. É incontornável na criação de valor para a organização onde se desenvolve e que desenvolve. É imprescindível para a consecussão de resultados óptimos para a organização e para os seus trabalhadores.

Lamentavelmente, está ainda longe de ser considerada como o deve ser.

A realidade é que grande parte das empresas estão ainda muito compartimentadas e operam ainda no modelo de "dois pisos". Esta situação observa-se com especial incidência no sector produtivo onde existem três classes: a dos "Senhores Doutores", a dos "Senhores Engenheiros", a dos "Empregados do Escritório" e, finalmente, uma inevitável quarta, a do "Operariado" ou "Pessoal".

Neste contexto cultural, a comunicação é barrada por um sem número de factores e, muitas das vezes, os objectivos da organização não chegam da melhor forma ao pessoal mais subalterno. Daí a existirem clivagens, por vezes fortes, entre a visão da organização por parte de uns e de outros, é um instante.

Quando falamos do planeamento de uma qualquer coisa, digamos de uma escada, o que é habitual é que exista um desenho original dessa escada, feito pelo arquitecto. Este, por sua vez, há-de o entregar a alguém, provavelmente um engenheiro, para que proceda à sua execução. Cabe a este último o estudo dos métodos e processos a colocar em prática para que a tarefa possa ser concluída com um máximo de eficiência pelo que deve considerar todas as envolventes relacionadas com logística, recursos humanos, escolha de materiais e ferramentas etc.

Este estádio do processo deve-se ao facto de ter existido uma conversa entre o arquitecto e o engenheiro que lhe passou o desenho para a mão, explicando-lhe de forma objectiva quais as suas expectativas em relação à empreitada.

O engenheiro, tendo interiorizado esta expectativa e tendo já cuidado de todos os trabalhos prévios à construção, dá o plano desta obra ao seu melhor profissional, ao que crê ser o mais habilitado, mais perfeito e eficiente. Aparentemente, nada mais há a fazer senão esperar que o trabalho da escada se complete e que o profissionalismo do funcionário, aliado à boa capacidade de gestão do engenheiro dêem frutos, podendo este passar a circular pelo resto da obra que, por acaso, até tem trabalhos muito mais complexos que este.

No final do dia o funcionário vai ter com o engenheiro e, sorridente, diz-lhe que o trabalho está pronto e que ficou muito bom. Confessa-lhe até que foi dos melhores que fez até hoje. O engenheiro, contente e confiante, pergunta-lhe ainda assim se seguiu e conseguiu cumprir o plano que lhe tinha entregue, a cópia do desenho do arquitecto. A resposta é entusiástica. Que sim, que tudo ficou "tal e qual", que lhe deu um pouco de trabalho mas que está "um brinco".


Bom... não se pode dizer que o funcionário não tenha feito um bom trabalho. Aparentemente, fê-lo até bem demais, cumpriu e superou a expectativas que nele tinham depositado: as da reprodução fiel do plano do desenho original, símbolo habitual do seu perfeccionismo. De fora ficaram alguns símbolos que, no catálogo de convenções do operário, tinham significações diferentes das do engenheiro e do arquitecto.


Compreendeu mal? Não creio. Explicaram-lhe mal, não se fizeram entender? Tenho a certeza que sim.


E, no fim, isto não foi nada que uma pequena conversa não pudesse ter evitado...

Paulo Querido - A Internet Como Forma de Interacção e Auscultação O Mercado

Paulo Querido é jornalista desde 1981, tendo sido agraciado com vários prémios [Prémio Jornalismo Raul Junqueiro APDC/Ericsson, Prémio Algarve/Imprensa, Prémio Gandula] e é colaborador permanente no Expresso após passagens pelo Gazeta dos Desportos, Diário Popular, Rádio Algarve, Correio Informático e Recortes.
A par da actividade jornalística, tem desenvolvido actividades como consultor de sistemas informáticos editoriais. Tem diversas publicações em livro: “Amizades Virtuais, Paixões Reais, a Sedução pela Escrita”, Co-autor do livro “Blogs”, Autor do livro “Homo Conexus – O Que Nos Acontece Depois De Nos Ligarmos à Internet”, Co-autor da obra “O Futuro da Internet”, Co-autor do livro “O Fundamental do CorelDraw”. Tem sido orador e apresentador nos mais diversos eventos relacionados com informática e Internet.
Cria a primeira rede editorial de blogues [http://tubaraoesquilo.pt/]. Membro do Grupo de Alto Nível da Associação para a Promoção e Desesenvolvimento da Sociedade da Informação, Formador na área do jornalismo online ao serviço do Observatório de Imprensa, Fundador do projecto weblog.com.pt, web-activista, participação em diversos projectos; Faz primeira entrevista transatlântica utilizando a Internet (João Cabeçadas, circum-navegador, para o Expresso) (1989); Editor do primeiro suplemento regular de informática da Imprensa portuguesa, Bit-bit (Diário Popular), em 1984/85. Fundador e director da inovadora BBS “A Rede”, onde lançou a primeira edição digital europeia na Internet de um orgão de comunicação social (o semanário Blitz). Responsável pelo primeiro título português com edição simultânea no papel e na Internet (o jornal Correio Informático/Computerworld, de que era Chefe de Redacção). Fundador da primeira empresa gráfica totalmente assente nas novas tecnologias (Cibergráfica). Mantém o blog "Mas Certamente Que Sim!".
Para o Paulo, o nosso abraço e agradecimentos.
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Sinteticamente, as ferramentas de comunicação proporcionadas pela Internet servem às organizações em três áreas:

  • comunicação interna
  • comunicação externa
  • avaliação passiva do comportamento dos seus públicos-alvo

Na primeira área as vantagens são evidentes e brutais. A Internet permite reduzir drasticamente os custos de comunicação e oferece soluções para todo o tipo de trabalho, com particular relevo para o trabalho colaborativo, ou grupal. Dos blogues aos wikis ao youtube passando pelas aplicações de escritório online.
Uma organização que use inteligentemente estas ferramentas dá um passo em frente na comunicação e poupa despesas. Por inteligente, aqui, entendo dar aos seus membros (funcionários, colaboradores, etc) a autonomia e o estímulo para descobrirem por si próprios os caminhos da comunicação reticular.

Em termos de comunicação com o exterior é preciso muito mais cuidado e tendo a ser um pouco conservador. Não concordo que toda a qualquer organização se sinta compelida a criar blogues, foruns ou espaços para "comunicar com o cliente". Essa comunicação é eventualmente muito perigosa. Na web as audiências têm comportamentos peculiares e as más imagens são fáceis de construir e difíceis de apagar. Tudo o que soe a falso é imediatamente detectado e vira-se contra o emissor. Mais vale ter um blogue não oficial, dirigido por alguém da organização a quem é dada muita latitude, inclusivé para criticar, do que um blogue formal -- que será visto como mera correia panfletária e como tal mais ou menos ignorado.
As excepções a esta espécie de regra são escassas, enquanto os exemplos que a confirmam abundam.

Esta segunda área tem sido a mais badalada pelos media e um pouco por toda a sociedade, mas não a considero a mais importante.

Já a terceira área tem sido muito negligenciada, sobretudo em Portugal.
A web é um espaço laboratorial incrível e um autêntico ninho de tendências sociais. Avaliar os comportamentos de forma passiva -- quer seguindo grupos que correspondam mais ou menos ao alvo da organização, quer criando tais grupos para os estudar -- comporta poucos riscos e tem grandes benefícios. Seja a avaliar o nosso nicho, seja a avaliar a concorrência.

Rich Brooks - Six Blogging Myths That Are Holding You Back

Rich Brooks é presidente da Life New Media, uma companhia de Internet Marketing e Web Design. Neste pequeno artigo demonstra-nos alguns dos mitos que continuam a impedir os gestores de apostarem nesta ferramenta, o blog. A ler, do mesmo autor, os artigos "The 11 Biggest Mistakes Small Business Bloggers Make", "10 Questions To Ask Befor Setting Up A Web Site" e "The Secret to a Web Site That Sells". Como curiosidade, hão-de reparar que o nome do site da Life New Media ostenta o título "You Don't Need A Web Site"...

6 Blogging Myths that are holding you back
[imagem: autor desconhecido]
By the hammer of Thor there's a lot of blogging myths out there; myths that keep you from generating more online leads and building lasting relationships with clients.
The problem with these myths is that if they're not challenged they turn into conventional wisdom. If you've been looking to drive more traffic to your Web site and improve communications with customers, you owe it to yourself to give a business blog a try.
Below are some of the hurdles--exaggerated or imagined--I've heard business owners use to avoid starting a blog, and real-world experience to debunk these myths.

1) My customers don't read blogs. I hear this all too often by business owners who don't completely understand what a blog is. Now, perhaps your customers don't subscribe to any blogs, or they don't return daily to a favorite blog. However, if they use Google or Yahoo for search, chances are they stumbled upon a search result from a blog. Since blogs often rank high at the search engines, if your customers use the Internet, you can capture their attention with a blog.
2) Blogging is for teenagers to share the minutiae of their lives and what they think of the remaining American Idol contestants. While teens certainly took to blogging quicker than businesses, these days companies of all sizes and shapes have realized the benefits of a business blog. You wouldn't dismiss the telephone as a communication device just because your teenager spends hours each night on it, would you?
3) Blogging is just a fad/This too will pass. Didn't you say the same thing about the Internet back in 1997? Of course no one can predict the future and much of the hype about blogs is just that. However, it's important to realize that blogs are a powerful, easy-to-use communication tool, and communicating with customers and prospects will never go out of style.
Besides, blogs are an effective marketing tool today, so don't worry if in five years you've moved on to your next communication medium. If you've cultivated an active audience, they'll follow you to other distribution channels.
4) Blogging takes up too much time. I run a growing business, sit on the board of MEBSR (Maine Businesses for Social Responsibility), participate in a business-owners group, do a lot of writing and speaking, and carry my share in raising our two daughters. Trust me, I know from being busy.
However, in the past two-and-a-half years of blogging, I've discovered that it's probably the most effective use of my marketing time. Blogging helps establish your expertise, generates loads of search engine leads, and delivers your message through three distribution channels each time you write. (Read more on the three faces of blogs.)
As business owners we have limited time in the day to market our services; blogging provides great return on that investment.
5) Blogging is fraught with dangers, like people leaving negative comments. These days, consumers can vent their frustration with your product or service anywhere on the Web, whether it's a post at their own blog, a review at Epinions.com, or a scathing YouTube video. If I had my choice, I'd rather have that conversation happen where I have home court advantage. How you handle negative feedback can establish your authenticity, and help you win over new converts.
And, if you happen to find yourself with a PR nightmare, you don't have to worry about letting the media tell your side of the story. By using your own blog you have unfettered access to anyone with a connection to the Internet.
People are looking for transparency and authenticity from companies these days, and your blog is the perfect tool to match these needs.
6) My customers don't read blogs. Whoa. Feelings of deja vu. Didn't we respond to this earlier? Oh, you mean that you don't get leads from the Internet? That they only use the Yellow Pages or go on advice from a friend? Well, then your audience is shrinking. The average consumer is much more likely to use the Web to search for a product or service, or at least visit your Web site to learn more about your company.

If you haven't gone after this audience before, you're missing an opportunity of getting in front of a younger audience...your customers and clients of tomorrow.

And trust me, they read blogs.

The truth about blogging is that it's proven an effective marketing tool for a wide range of businesses. You can start a blog on your own through a service like TypePad or by installing a blogging platform like WordPress on your own server. Alternatively, you can hire a Web design firm to design, develop and promote your blog and get you up to speed quickly.
Whatever path is right for you, don't let these myths keep you from giving business blogging a chance.

Habilidades en Salud Mental - Lógica Relacional Humana E Conceitos De Comunicação [II]

Adaptado de "Habilidades en Salud Mental", edição de Março de 2005, por JA Barbado Alonso, JJ Aispiri Diaz, PJ Cañones Garzón, A Fernández Camacho, F Gonçalves Estella, JJ Rodríguez Sendín, I De la Serna de Pedro, JM Solla Camino.
Os links e expressões a bold são da responsabilidade de CJT.




[imagem: Seagram]




DIMENSÃO PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO


Por PRAGMÁTICA COMUNICACIONAL entendem-se os efeitos e influências que a comunicação produz na conduta.

O chamado Grupo de Palo Alto foi o pioneiro desta perspectiva ao elaborar uma série de regras ou axiomas.

A IMPOSSIBILIDADE DE NÃO COMUNICAR

Não há nada contrário à conduta. Não existe a não-conduta. Toda a conduta [em situação de interacção, de intercâmbio] é mensagem. Falar ou estar calado, mover-se ou permanecer quieto, têm sempre o valor de mensagem. Na relação interpessoal é impossível não comunicar. Um passageiro de comboio de olhos fechados pode estar a indicar-nos que não lhe falemos; um paciente histérico mostra-nos a discordância entre as suas mensagens verbais e a expressividade do seu corpo, dos seus sintomas corporais; o paciente com inibição catatónica indica-nos a negação à comunicação. Todos os exemplos acima nos indicam uma mesma coisa: apesar do que pretendamos, não podemos evitar comunicar.

OS NÍVEIS: INFORMATIVO E RELACIONAL

O aspecto conteúdo de uma mensagem é o que transmite informação. O aspecto racional faz referência a que tipo de mensagem deve entender-se, refere-se à relação entre os comunicantes. A mensagem "vem cá" dita em tom imperativo ou dita em tom amistoso, embora sendo a mesma informação, mostra dois tipos de relação diferentes: uma de subordinação, a outra de igualdade ou simetria.

OS CANAIS: DIGITAL E ANALÓGICO

O digital refere-se à comunicação verbal e o analógico é constituído pelos gestos, a postura, o tom e a cadência de voz, o ritmo e, em geral, por todo o cinésico. É muito importante considerar a existência de incongruência entre estes dois canais. Por exemplo: uma frase agressiva ["odeio-te"], dita em tom cordial, tem significado diferente se for acompanhada de um componente analógico diferente.

AS INTERACÇÕES: SIMÉTRICA E COMPLEMENTAR

Todas as trocas comunicacionais são simétricas ou complementares, segundo estejam baseadas na igualdade ou na diferença. No primeiro caso, os participantes tendem a igualar a sua conduta recíproca. A um movimento X de A segue-se um movimento X de B. Por exemplo: Escalada, competições desportivas, discussões conjugais... A característica deste tipo de relação é que cada participante tenta impor as suas próprias regras de jogo. No segundo caso há duas posições diferentes: um ocupa uma posição superior ou primária, o outro a inferior ou secundária. Por exemplo: sádico-masoquista, amo-escravo, professor-aluno, médico-paciente... O importante é que nestes casos cada membro aceita de bom grado a posição do outro.

PONTUAÇÃO DA SEQUÊNCIA INTERACTIVA

Uma interacção é uma sequência ininterrupta de comunicação. A pontuação refere-se à forma como esta se organiza, onde começa e onde acaba, quem e o que se interpreta do processo interactivo; é um processo aleatório. Como seres humanos organizamos, pontuamos a complexidade da realidade numa tentativa de apreendê-la, de controlá-la, de domesticar a sorte. Mas esta pontuação é aleatória e consensual. Por exemplo: dia-noite é um processo natural, ininterrupto, circular; no entanto, criamos unidades de tempo [horas, minutos, segundos] e decidomos que o ponto de inflexão de um dia para o outro seja a meia-noite. Nos processos de comunicação humana outro exemplo é uma seta, onde a conduta de um membro se pontua como líder e a dos restante de adeptos. A origem de muitos dos conflitos humanos é a falta de acordo em relação à forma de pontuar. O eninciado-tipo é o de "quem começou primeiro". Exemplo característico é o do alcoólico e sua mulher: ela diz que o controla porque ele bebe, ele dizendo que bebe porque ela o controla.

REDUNDÂNCIA E RUÍDO

Este conceito refere-se à frequência de aparição de configurações de palavras, ideias, de mensagens num sentido amplo, numa sequência comunicativa. Toda a comunicação redundante é significativa, dá-nos pistas sobre a visão do mundo do emissor, permite-nos aceder a esse mundo de uma forma empática. Exemplo: uma mulher infeliz no seu casamento e incapaz de modificar a sua situação, descreve os seus sintomas com redundâncias como "sinto-me atada, prisioneira, sinto como se tivesse um nó aqui...". Atadura, prisão, nó, palavras que ao utilizá-las nos prmitem aceder empaticamente ao seu mundo relacional.

A MENSAGEM DEPENDE DO RECEPTOR

Vimos no início que na teoria da informação se assinalam como elementos da informação o emissor, canal, código e mensagem; mas na comunicação humana existe uma distorção que faz com que J. Lacan chame a atenção para o facto de que "O mal entendido é essencial à comunicação humana", o que se deve a que a interpretação da mensagem depende sempre do receptor. Segundo ele, numa relação nunca devemos dar por entendidas as nossas palavras pela parte do receptor; devemos explorar mais adiante: temos que procurar, ao dirigirmo-nos ao receptor, utilizar palavras unívocas e assegurarmo-nos que este entendeu exactamente aquilo que queríamos transmitir.

Habilidades en Salud Mental - Lógica Relacional Humana E Conceitos De Comunicação [I]

Adaptado de "Habilidades en Salud Mental", edição de Março de 2005, por JA Barbado Alonso, JJ Aispiri Diaz, PJ Cañones Garzón, A Fernández Camacho, F Gonçalves Estella, JJ Rodríguez Sendín, I De la Serna de Pedro, JM Solla Camino.
Os links e expressões a bold são da responsabilidade de CJT.
[imagem: Luísa Ferreira]


CONCEITOS DE COMUNICAÇÃO HUMANA
As ideias a respeito da comunicação humana variaram no decurso do séc. XXI. O ponto de partida foi a formulação em 1946, por Shannon, da "Teoria matemática da Comunicação", a partir de estudos sobre codificação e telégrafos. É uma teoria informativa: o papel da comunicação reduz-se à transmissão de conteúdos.

Posteriormente, o profeta da cibernética, Wiener, introduziu o conceito de RECTROACÇÃO: a informação sobre a acção permite ao sistema autocorrigir-se. Nasce a RECTROALIMENTAÇÃO: o receptor devolve e corrige a informação do emissor.

O modelo de Shannon foi adoptado por um linguista, Jacobson, para demonstrar um modelo de comunicação verbal usado até aos dias de hoje.

A inclusão do contexto no qual se produz a comunicação abriu um amplo campo de significados no estudo desta. A proposta do modelo apresentado por Haley é bem ilustrativa.

Transmissão de informação, rectroalimentação do destinatário e contexto comunicacional completam a abordagem a um modelo de comunicação humana e estabelecem três áreas fundamentais do seu estudo:


  • SINTÁTICA: estudo da linguagem, dos processos de ruído, redundância, canais, etc.,

  • SEMÂNTICA: estudo do significado dos signos,

  • PRAGMÁTICA: estudo dos efeitos na conduta.

O contexto da comunicação verbal é a comunicação não verbal.


COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL

A comunicação não verbal deve estudar-se, não como uma unidade isolada, mas como uma parte inseparável do processo de comunicação. Pode servir para repetir, contradizer, substituir, complementar, acentuar ou regular a comunicação verbal. É a linguagem das emoções, identificadas através de inúmeros sinais como as expressões faciais, a postura, actos explícitos, gestos, que demonstram e regulam o comportamento do indivíduo.

DIFERENÇAS ENTRE COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO-VERBAL

Existem várias diferenças entre os dois tipos de comunicação, que permitem conseguir determinar a importância da comunicação não-verbal.

  • A comunicação verbal tem uma correspondência arbitrária entre a informação e a sua expressão digital; isto é, entre a palavra e a coisa nomeada não existe uma similitude, apenas uma convenção ou consenso cultural. Por exemplo, não há nada no objecto mesa que remeta para a palavra "mesa". Por outro lado, na comunicação não-verbal há algo particularmente similar à coisa expressa: algo semelhante existe entre um gato e o desenho de um gato. Alguma coisa é captada quando se vê um programa de televisão estrangeiro: a linguagem do corpo tem raízes evolutivas mais arcaicas e, portanto, mais universais.
  • A comunicação não-verbal é mais utilizada para definir o tipo de relação que para dar informação. A informação é mais própria do meio digital. A relação entre os animais domésticos e o homem demonstra como aqueles compreendem a linguagem não-verbal que acompanha a palavra.
  • É muito difícil uma disfarçar ou mentir na linguagem não-verbal [contrariamente à verbal]. Pode-se comprová-lo quando tentamos imaginar ou expressar com linguagem não-verbal uma falsa ideia de "não estou aborrecido": Teríamos que expressar primeiramente o enfado para logo negá-lo. Também se podem observar na multiplicidade de sinais aqueles que delatam um mentiroso.
  • A comunicação não-verbal caracteriza-se pela sua ambiguidade e dificuldade de tradução em linguagem verbal; é apenas definível no contexto onde se produz. Lágrimas, um sorriso, um punho cerrado, cada um será traduzido consoante o contexto do momento: receber um presente pode ser interpretado como afecto, suborno ou restituição, dependendo do contexto prévio.
  • A comunicação não-verbal não está sob o absoluto controlo voluntário. Emitimos sinais não-verbais que, por exemplo, determinarão a primeira impressão que causamos numa interacção. Pode dizer-se que "Somos donos das nossas palavras e escravos dos nossos silêncios".

ELEMENTOS DE COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL

Mencionou-se que a linguagem não-verbal é sobretudo a linguagem das emoções. A conexão entre o físico e o emocional manifesta-se nas expressões verbais e corporais e desenvolve-se na interacção social. A linguagem participa nesta ligação reflectida em expressões como "perder a cabeça", "andar de cabeça erguida", ter "cara de poker"...

É clássico dividir as diferentes dimensões da expressão da linguagem não-verbal em CINESIA, PARALINGUÍSTICA e PROXÉMICA.

A cinesia corresponde à linguagem corporal, incluindo gestos, movimento do corpo, expressões faciais, movimentos oculares e postura. Franzir o sobrolho, deixar os ombros caídos ou inclinar a cabeça são condutas compreendidas no campo da cinesia. Num esforço de orientação no mundo relativamente desconhecido da conduta não-verbal, Ekman e Friesen desenvolveram um sistema de classificação dos comportamentos não verbais: Emblemas, Ilustradores, Demonstrações de afecto, Reguladores e Adaptadores.

A paralinguística ocupa-se dos aspectos semânticos da linguagem, prestando mais atenção à forma como se dizem as coisas do que com o seu conteúdo. A voz, a entoação, o ritmo do discurso, as pausas, são considerados elementos paralinguísticos. Através de vocalizações, transmitimos diferentes emoções: autoridade, sossego, raiva, felicidade, segurança... Empregar o tom de voz adequado a cada contexto ou situação é uma poderosa, eficaz e assertiva ferramenta de comunicação.

Na proxémica, o sentido do EU do indivíduo não está limitado pela sua pele. Desloca-se dentro de uma espécie de borbulha privada que representa a quantidade de espaço que sente dever existir entre ele e os outros. Este espaço pode variar em função de cada cultura. Este comportamento de territorialidade também pode ser observado em animais. Na nossa cultura ocidental existe uma escala aproximativa:

  • DISTÂNCIA DE CONTACTO: a esta distência, as pessoas comunicam-se não só por meio de palavras mas também pelo tacto, odor, temperatura do corpo;
  • DISTÂNCIA PESSOAL PRÓXIMA: a esposa pode permanecer a seu gosto dentro da bolha do seu marido mas talvez esta se sinta incomodada se outra mulher o tentar;
  • DISTÂNCIA PESSOAL LONGÍNQUA: está limitada pela distância do braço, isto é, pelo limite do domínio físico;
  • DISTÂNCIA SOCIAL PRÓXIMA: num gabinete, as pessoas que habitualmente trabalham juntas normalmente adoptarão esta distância para conversar;
  • DISTÂNCIA SOCIAL LONGÍNQUA: corresponde às conversas formais. Os gabinetes de pessoas importantes tendem a ser bastante amplos por forma a manter esta distância em relação aos seus visitantes;
  • DISTÂNCIA PÚBLICA: adequada para pronunciar discursos ou tipos muito rígidos e formais de conversação.

Zita Romero - Blogosfera, Partilha e Democracia

Zita Romero é a Coordenadora do Curso de Comunicação Empresarial do ISCAP e, amavelmente, acedeu ao nosso convite para nos deixar uma breve opinião acerca do tema em curso.
Para ela o nosso abraço e agradecimentos.
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Na minha modesta opinião, acho que os blogs são um óptimo meio de se trocar/partilhar ideias, entendimentos, enfim é mais uma ferramenta que, sobretudo, nos dá uma fresca sensação de liberdade. Pode-se opinar o que se quiser sem receios, mas com a certeza de se pertencer a um grupo onde há um conjunto de interesses comuns, onde se nota aquele sentido de “pertença” de que falava o Muslow. Costumo ouvir um programa de rádio (RDP) sobre a Blogosfera, aos domingos de manhã (11-12h) e apercebo-me da importância deste meio de comunicação que funciona quase como um jornal com milhentas opções de ser lido, ao alcance de realização de qualquer um de nós, e onde poderemos ser/dar/encontrar um contributo para enriquecer a nossa cultura. Ao longo do dia, e também na RDP, existe uma rubrica do mesmo jornalista (Pedro Rolo Duarte) em que, diariamente, dá a conhecer aos ouvintes um blog por ele consultado. Vale a pena ouvir e apreciar. Que tal pedir-lhe uma participação?

O que a blogosfera tem de extraordinário é a democratização, não digo total porque algumas pessoas ainda poderão não ter acesso às TIC, quase total da autoria, realização, produção e difusão da informação, do conhecimento. Pode servir como plataforma de alargamento de contactos, de mentalidades, de conhecimento a ser transformado em sabedoria.

O mesmo se passa com uma série de nova geração de sites interactivos que veio revolucionar o mundo cibernético, a que alguns decidiram chamar a Web2.0. A este respeito, por favor leiam (imperdível) “A Rede está em ebulição” no Courrier Internacional, nº 74 – de 1 a 7/9/2006.

Mas também pode ser utilizada para fins menos convenientes. Tudo depende dos seus criadores/utilizadores. Há blogs com objectivos credíveis, como os há apenas para divertimento e outros para maledicência. Mas como disse Michael Bertouzos, “Os demónios somos nós, não as tecnologias”.

José Orihuela - La Empresa Ante La Red

José Orihuela é professor na Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra [Pamplona, Espanha] e autor do livro "A Revolução dos Blogs" [La Esfera de Los Libros, Madrid, 2006]. É autor dos blogs eCuaderno.com impulsionador da rede de blogs minoic.net.

Simpaticamente acedeu ao nosso convite, enviando o texto abaixo que confiamos não necessitar de tradução.

Daqui, o nosso abraço e agradecimentos.




LA EMPRESA ANTE LA RED*

José Luis Orihuela - Facultad de Comunicación / Universidad de Navarra - Pamplona – España


La revolución digital que ha globalizado a los mercados y está convulsionando ahora a las empresas, exige a los directivos adoptar estrategias superando el inmovilismo y evitando el despropósito.



Cada nueva tecnología impone una nueva cultura, transforma los modos de relacionarnos, informarnos, educarnos, entretenernos y hacer negocios. Sin caer en el determinismo tecnológico, lo que se aprecia en el ámbito de las tecnologías de la información es que su efecto se proyecta sobre todos los sectores y actividades y pasan a constituir parte del entorno -tercer entorno (Echeverría)- en las culturas que las integran.
Con la imprenta llega la difusión masiva de información y se democratiza el acceso a la cultura. El teléfono aporta interactividad a las comunicaciones a distancia. La radio abre el espacio de la comunicación pública más allá de la alfabetización. La televisión merced a la universalidad del lenguaje audiovisual se convierte en el paradigma de medio masivo. Con Internet se universaliza la interactividad, se fusionan los formatos de información y se confiere un ritmo trepidante a la comunicación.
Surgen nuevos actores en el escenario mediático, ya que la naturaleza de la Red supone barreras de entrada muy bajas para quienes deseen participar en ella. El ritmo de crecimiento de la Red no tiene parangón en la historia de la comunicación: el número de usuarios se duplica cada 10 meses. Habrá 500 millones de personas conectadas en el año 2003; y el 80% de los usuarios de la Red en el 2005 será gente que hoy no está conectada.



Mercado de la información



Impulsadas por la revolución tecnológica, las sociedades desarrolladas asisten a una transformación del capitalismo que pasa de la fase industrial a la fase informacional (Castells): aquella en la que las actividades de obtención, procesamiento y distribución de información se convierten en factores clave de productividad y de poder.
Los usuarios de las emergentes redes de valor añadido van a utilizarlas para comprar, vender e intercambiar información, bienes y servicios. En este entorno, lo que realmente está en juego, más que el acceso a la información, es la producción de datos y el dominio de los contenidos.
Los nuevos modos de hacer negocios en la economía-e se caracterizan por la descentralización de las estructuras, la deslocalización de las empresas, la desincronización de las actividades y la desmaterialización de los intercambios.
En la nueva economía se aprovecha el factor desintermediación que introduce la Red y se replantean las operaciones B2B (business to business), B2C (business to consumer), al tiempo que cambian los modos de conducir la comunicación interna, la logística de soporte a cliente, la investigación de mercado, y muy especialmente la publicidad y el marketing.
Los sectores que más rápidamente se han adecuado al potencial de la Red para el desarrollo de comercio electrónico, en parte debido a la naturaleza de su producto, han sido hasta ahora: ordenadores, software, telecomunicaciones, servicios de Internet, industria editorial, medios de comunicación, publicidad, música, viajes y consultoría.



¿Qué hacer?



En la medida en que todos los sectores de la actividad económica acabarán recibiendo el impacto de esta revolución tecnológica y ante los múltiples dilemas que supone para el empresario la redefinición de la naturaleza de su negocio y el perfil de su mercado, resulta recomendable:



comenzar ya y revisar los planes
Al parecer, la mayor parte de los ejecutivos se iniciaron en la informática a raíz de un presentimiento o para salvar las apariencias con el vecino. En cualquier caso son motivaciones reales y es el primer paso. Hay que convencerse de la necesidad de darlo y hay que prepararse para hacerlo. Un buen comienzo puede ser revisando el modelo de negocios de la empresa.



entrenarse y entrenar a los mandos medios
Las nuevas tecnologías, son tales precisamente por la velocidad con la que cambian. Por esta razón exigen la actitud permanente de aprender sobre la marcha para salvar las bruscas curvas de aprendizaje que cada innovación plantea. Al mismo tiempo hay que facilitar el aprendizaje de quienes tienen que ejecutar el cambio. En empresas medianas y grandes la fórmula in-house puede resultar la más amigable.



pensar diferente, pensar en grande y pensar rápido
No se trata tanto ni solamente de meter la Red y su cultura en la empresa, sino más bien de meter la empresa en la Red, no dejando de lado el negocio que se sabe hacer, sino imaginando qué otros negocios podrían desarrollarse aprovechando el capital intelectual de la empresa, así como el modo de optimizar los procesos en los que interviene la información. La Red no garantiza el éxito, pero puede mejorar la eficacia.



cuidar a los clientes y dejarles participar
En la nueva economía la gente cuenta de un modo nuevo. Los consumidores quieren colaborar en la producción de sus bienes (prosumidores). Más allá de las posibilidades de personalización de servicios mediante la configuración de perfiles de usuario, se trata de reconocer la emergencia de un nuevo poder de decisión. Como la tecnología concede poder a las personas, los consumidores desarrollan la necesidad de ejercer más control sobre su entorno inmediato. La competencia está ahora a sólo un click de ratón. Los clientes ya lo saben y será bueno que los empresarios lo recuerden.-
_________________
*Resumen de la conferencia para el Foro de Empresarios de Valladolid celebrada el 15 de febrero de 2001 titulada: "¿Correr muy deprisa sin saber hacia dónde, o seguir esperando mientras todo se mueve? Dilemas de los empresarios ante la Red y claves de la comunicación en el tercer entorno".
texto disponível em http://www.unav.es/digilab/empresa/

CJT - E Acerca Dos Blogs?


Tem sido uma pergunta feita nos mais variados lugares. Aparentemente os especialistas que estiveram presentes nas sessões promovidas pelo ISCAP - nas de Comunicação Empresarial e no Isculturap - desvalorizam esta ferramenta como meio de trabalho. Quanto a mim [e mais meia dúzia de milhões de pessoas], isso é um erro crasso.

Na realidade, são cada vez mais as empresas que optam por esta ferramenta para obter visibilidade e interactividade com os seus públicos. Existem blogs corporativos ou empresariais que operam tanto para os públicos externos como internos e que se regem pelas regras comuns da blogosfera.

Outras empresas que vão apostando nos blogs como ferramenta potenciadora de interactividade são os Jornais. Por muito que custe aos representantes da classe que desvalorizaram completamente esta actividade numa das reuniões promovidas pelo ISCAP, a verdade é que essa desvalorização representa nada mais que uma perigosa forma de autismo. Já não chegava os principais jornais mundiais e nacionais oferecerem esta plataforma aos seus jornalistas. Agora os jornais, como e E-xpresso, definitivamente electrónicos, oferecem a possibilidade de "rápida publicação de qualquer notícia num blog". Isto quer dizer algo, não?

Mas a comunicação empresarial ou institucional na blogosfera não está entregue apenas às empresas que utilizam esta plataforma. Os bloggers podem entrar na festa e, eles próprios, fazerem trabalhos para as empresas. Toda esta actividade é explicada pelo Darren Rowse no seu "Problogger".

Toda esta situação poderá ser alterada pela introdução da Web2.0, uma forma mais social de partilha de conteúdos. Mas, mesmo para o caso, existem já empresas a conceber módulos de trabalho para que as empresas e colaboradores não percam a "embalagem". Coisas como SocialText, Wiki, RSS, SEO, etc., são ferramentas com que as empresas terão que conviver e as mais preparadas têm já gente a trabalhar no assunto em, pelo menos, metade do tempo diário de trabalho. Existem mesmo empresas como a SixApart que concebem ferramentas de blogging específico para organizações, baseadas no TypePad ou no MovableType, oferecendo inclusivamente os seus próprios serviços de publicidade.

Mas, para começar, nada disto é necessário. Basta uma ferramenta grátis de publicação, como o Blogger, o Wordpress, o SAPO, ou o Blog.com, entre tantas outras, para dar início às hostilidades.

Vejam este, por exemplo... que um dia destes é institucional... Ah... e, já agora, Goooooglem. Vão ver que encontram muita coisa!!!

Mais tarde havemos de ler mais alguma coisa acerca deste assunto.

José Gil - Como Convém Televiver

A citação de John Gray acerca do papel dos media na construção da consciência, na altura inscrita a propósito da utilização de meios de comunicação e da inteligência artificial levou-me, mal a tinha escrito, a pensar no texto de José Gil, texto que abre o livro Portugal, Hoje - O Medo de Existir.

Este texto, reproduzido abaixo, leva-nos a pensar numa nova forma de apreensão da realidade, nas novas convenções, frutos da incessante actividade mediática. A superprodução de informação, a banalização da tragédia, o contraponto da boa disposição de fim de noticiário que nos leva a pensar que, afinal de contas, tudo está como devia ser, tudo é equilíbrio natural, que tudo há-de entrar nos eixos enquanto houver luz ao fundo do túnel, enquanto houver uma cria de panda que nasce e que é noticiada após todas as tragédias humanas. É uma análise exaustiva e controversa da sociedade de informação e da sociedade consumidora de informação e das implicações sociais e governativas do alheamento e do desfazamento entre a realidade e o tempo presente.
Hyperlinks da responsabilidade de CJT.
[imagem: autor desconhecido]


COMO CONVÉM TELEVIVER

José Gil, in Portugal, Hoje - O Medo de Existir, Relógio D'Água, Lisboa, 2005

"É a vida". Esta frase com que o apresentador da RTP termina amiúde o Jornal da Noite dá o tema do ambiente mental em que vivemos. "Dar o tom" significa muito mais do que "sugerir" ou "indicar" uma direcção de leitura. Na realidade, constitui por si só toda uma "visão do mundo" e, mais importante, toda uma visão de nós mesmos, da nossa vida enquanto [tele]espectadores do mundo.

Depois de assistirmos às notícias sobre raptos, assassinatos, acidentes de viação, mortos palestinianos e israelitas, descobertas de centenas de vítimas taliban asfixiadas em contentores no Afeganistão, surge uma notícia que, como uma luz divina, redime todo o mal espalhado pela Terra: nasceu um bebé panda no Zoo de Pequim! O apresentador sorri largamente, pisca mesmo um olho cúmplice aos telespectadores. Depois das imagens de futebol, remata enfim, com um tom sábio: "É a vida!"

É a vida, pois. Que mais quereis? É a vida lá fora, não há nada a fazer, é assim, vivei a vossa com paz e serenidade, não há nada a temer, é lá longe que tudo acontece e, no entanto, estou aqui eu para vo-lo mostrar inteiro, o mundo, ide, ide às vossas ocupações que a vida continua.

Com este tom detinado a sossegar os espíritos, o apresentador envia-nos várias mensagens precisas: 1. A vida é uma mistura de bem e mal, o homem está entre a besta e o anjo, e isto constitui a essência do mundo, que foi, é, e será sempre feito dessa mesma massa; 2. A frase impõe uma norma: eis o que se pode, e portanto, deve pensar do que acabámos de ver em todo o planeta. Norma metafísico-moral, ou melhor, norma ligeiramente eivada de metafísica que assim recolhe e reúne num só, todo o tipo de observações, de reflexões, pensamentos que as imagens televisivas suscitariam. É pois, uma norma para o pensamento: diz-nos como e o que pensar do mundo: e segundo a maneira de pensar, pensamo-nos também a nós face ao mundo, mas como se estivéssemos dentro dele, como sua parte integrante. Cria-se aqui uma pequena transcendência, imperceptível mas indelével, que constitui o efeito profundo do imperativo metafísico-moral: o telespectador é colocado dentro do mundo mas ao mesmo tempo acima dele, como se o vivesse não o vivendo. "É a vida", a nossa, a de todos, aquela que vivemos - e, no entanto, a vida é um espectáculo de imagens a que vós acabais de assistir. De fora, porque ele está fora de nós.

Estamos fora da vida, dentro dela: "é a vida!..." É esta mistura confusa de transcendência-imanência da nossa vida à Vida que provoca um nevoeiro no espírito.

Um terceiro aspecto não menos importante: 3. A norma neutraliza quaisquer veleidades de um discurso que se desvie deste bom senso que ela irrecusavelmente revela. A norma impõe limites imperceptíveis [porque internos] ao pensamento e, certamente também, à acção. Tudo o que vivemos, a barbárie, o excesso, a crueldade mais insuportável são compensados, reequilibrados pelo sorriso, e o golpe do panda: é o que nos diz o metadiscurso final [a frase] do apresentador. Ou seja, aquilo, o crime e o sangue, não é a vida ainda; só começa a pertencer à sua esfera com o surgimento do bebé panda.

Inocula-se assim, no seio das imagens, uma outra dose de nevoeiro: o que vistes não é o que vistes, mas o que só agora estais a ver, que é o que vistes menos o que julgastes ver porque o bebé panda vo-lo retirou.

Mas não só as imagens perdem significado. Também o discurso é desfalcado das últimas implicações de sentido que encerram. Quando o discurso de Bush representava uma ameaça real de guerra contra o Iraque, nós não nos sentíamos implicados, porque "a vida é assim", as palavras e as intenções bélicas do presidente americano entravam no equilíbrio geral da vida, segundo a sabedoria do bom senso. Não haveria guerra no Iraque como não há propriamente ameaças, hoje, de um conflito futuro no Irão. Uma espécie de caricatura de harmonia preestabelecida regula assim, noite após noite do jornal televisivo, o curso da história, recolocando o fiel da balança no justo meio, que selecciona sem dúvida a parte melhor, a mais justa, aquela que é mais metade que a simples metade.

Não se trata, a bem dizer, do "curso da história": dado o cariz metafísico da norma, as imagens apresentam antes a essência do mundo e não o movimento da história, o qual se esbate num horizonte longínquo, de onde se manifesta apenas um pulsar ténue de signos-índices ["sim, lá estão os atentados palestinianos... a expulsão dos fazendeiros brancos no Zimbabwe..."].

Ao supor a harmonia preestabelecida segundo o bom senso [o mal e o bem equitativamente repartidos no mundo], a norma impõe limites negativos ao pensamento [exclui o excesso, o desiquilíbrio, o anormal], sem que se veja bem como induz ao memso tempo uma certa orientação na maneira de pensar. Ou seja: a norma oferece também conteúdos positivos?

Ela diz o que se deve pensar como essência de todos os acontecimentos do mundo. No desfile caótico das imagens - triplamente caótico: como imagens de caos; quer dizer como caos de imagens vindas das regiões mais heteróclitas do sentido; como imagens que se aparelham linearmente como se se anulasse assim o caos narrativo, uniformizando-lhe o sentido, roubando-lhes a singularidade, criando um outro caos, o do afundamento do significado das imagens - a frase final do apresentador introduz ordem, segurança, uma realidade pensável. No entanto, o que se deve pensar aparece revestido numa categoria tão geral e totalizante, que nenhum dos enunciados possíveis extraídos das imagens se poderia desenvolver autonomamente, seguindo a sua linha própria. "É a vida" engloba-o, e apaga a relevância eventual deste ou daquele enunciado ou imagem concreta. Por isso, ao querer significar tudo, não significa nada. É uma frase vazia, despida de conteúdo. Mais gorda e pretensiosa, que se quer mostrar pletórica de sentido. Pura injunção formal, nada diz, senão limites e regras para não pensar.

Tanto mais que a sua função designativa esconde subtilmente a carga performativa que traz consigo. "É a vida" não está apenas a indicar o que se acaba de ver no cortejo de imagens, mas vem no fim de cada ritual como um gesto terminal que fecha a sessão enquanto a designa, escapando-lhe assim. É que "é a vida" pertence à Vida como as outras imagens, os outros gestos, os outros comentários dos repórteres em directo, como os discursos e as imagens dos observadores convidados - a série de palavras, gestos, deslocamentos no palco da TV de pessoas que entram e saem, participando ou não no Telejornal -, e tudo isto faz parte da vida e com ela se mistura.

Enunciado ambíguo pois, por um lado, ao fechar o ritual, o apresentador exclui-se da vida [as imagens desapareceram, só ele resta no palco], e por outro, inclui-se nela, mais fortemente mesmo do que se exclui. Só naquele instante, naquele tempo mínimo em que se exibe sozinho proferindo a frase, a Vida se reequilibra e ganha o sentido do bom senso, a consistência e a existência reais que lhe são dadas pela conivência imposta ao telespectador. Ele dirige-se directamente a nós implicando-nos nessa Vida de que ele é um elemento, e o exemplo mais irrecusável, com o seu sorriso competente e sedutor, as palavras que nos entram pela cabeça dentro para nos fazer suportar o mundo... Ele, o apresentador, agora despojado de imagens, penetra subitamente no mundo real que é o nosso, nas nossas casas diante da televisão, e conecta-o com subtileza com o mundo das imagens, para dar forma a uma nova identidade: "a Vida", em que estamos todos.

A este nível também [nível do ritual da comunicação das notícias] contrói-se um nevoeiro que nos envolve e não nos deixa distinguir com clareza o real do "irreal" [chamemos assim, provisoriamente, ao que nos fica do estatuto de realidade as imagens do telejornal, depois do tratamento a que foram submetidas e que acabámos de descrever]. E, mais uma vez, o nevoeiro é invisível, pois tudo parece nítido, claro, com contornos bem definidos. No entanto, como vimos, basta perguntar pela função daquela frase do apresentador para verificarmos que ela segrega múltiplas camadas de confusão que não se vêem, mas que lhe condicionam radicalmente o sentido. Como um inconsciente que se alojasse no seio das representações mais conscientes. Como uma sombra branca.

Uma consequência maior da criação do nevoeiro [ou do "irreal" imperceptível] é o afastamento do real apresentado - mesmo em directo - do presente do telespectador: que será contaminado de seguida por esse regime de irrealidade.

Onde se situa o Iraque, Israel, a China da televisão? Quando eles são notícia, vai imediatamente para lá um repórter que nos fala em directo. Estão pois ao nosso lado, aqui mesmo, em tempo real. Uma tal proximidade é puramente factual: é uma componente da imagem, não do valor, da sua importância ou do seu alcançe para a existência do telespectador. Essas, por mais "directos" que venham da China ou do Zimbabwe, situam-se do lado de cá da imagem, da vizinhança real dos corpos portugueses. Mais: se é verdade que o sentido final das imagens depende de todo aquele dispositivo discursivo e ritualístico que culmina na frase última do apresentador, então é logo no princípio que elas entram num circuito próprio de espaço e tempo que elimina completamente o presente real e o directo. Ou melhor, o directo não se opõe ao "irreal" que provém da distância e do passado, pelo contrário, ele fornece, por contraste, o álibi necessário para que as imagens sejam percepcionadas como pertencentes ao mundo da "vida".

E qual o tempo e o espaço desse mundo, e dessas imagens? São imagens de um perto que está longe, e de um próximo afastado no tempo. O directo oferece-nos o perto-longe da realidade das imagens: aquele Zimbabwe das imagens instantâneas, imediatas, situa-se em África... mas o presente directo daqueles africanos a correr não coexiste, não coincide com o meu presente aqui, sentado diante da televisão. Porquê? Porque nada da minha vida se liga ao Zimbabwe.

No fundo, os africanos [ou os brancos fazendeiros] que se arranjem.

A lonjura que impregna a percepção próxima e, por natureza, conservadora, paralizante, "territorializante". Cria barreiras, limita o espaço ao local, ao regional, afasta os homens que se situam além-fronteiras para uma esfera indefinida de sub-humanidade inconsistente. Os chineses? Mas quem são, afinal? São como nós, sim, mas... enfim, vi-os na televisão... Tien-An-Amen... Pois.

Se a percepção dos Chineses não fosse enevoada e longínqua, mas próxima, ao ponto de mexer com a minha vida, então esta deixaria de ser, também, para mim, estática e um pouco ausente como ela é.

Mas eu próprio pouco sei dessa ausência. Não me reconheço nela. Porque o perto-longe das imagens da China ou da Palestina entram na mesma atmosfera nevoenta do meu presente. Paradoxo: por um lado, a televisão fabrica-me representações de um mundo longínquo; por outro, esse é o mundo adequado ao meu mundo. É o que me convém: se as imagens do mundo não me dizem respeito, ou me dizem só longinquamente respeito, então está tudo bem assim, porque a minha imagem também só enevoada me diz respeito. Eu nem me apercebo do "longe", do "afastamento", da "ausência de mim a mim". Não há paradoxo, porque não há consciência dele. Não há sobressalto de pensamento. Tudo se mistura, talvez. Mas não "é a vida"?

Lembremo-nos que esta expressão vem de longe, e de uma outra zona discursiva: costumava terminar os comentários e análises de António Guterres, o primeiro-ministro socialista. Com uma leve carga de resignação, ela pretendia exprimir uma velha sabedoria cristã: aceitemos os males do mundo, os dissabores, tudo o que vai contra a nossa vontade, porque isso resulta de uma lógica e de um poder que nos ultrapassam. E já que a lógica do tempo histórico é imbatível, aproveitemos então para, na nossa pequena esfera, tirarmos pequenos benefícios individuais. O sentimento de responsabilidade por uma comunidade, por um país, parece ter desaparecido.

Em política, esse tipo de transferência de regras morais de conduta para a esfera governativa pode ser extremamente perigoso. A resignação leva à impotência, a passividade à inércia e ao imobilismo: o governo de Guterres caiu porque não governou, ponto final. O de Durão Barroso não terminou, por razões de conveniência pessoal do primeiro-ministro. O governo de Santana Lopes vive só de pequenos [ou grandes] gozos que a governação propicia.

CJT - Às Voltas Com A Consciência e Brutus I

"Na pré-história evolutiva, a consciência aparece como um efeito secundário da linguagem. Hoje, é um subproduto dos média."
John Gray, Sobre Humanos e Outros Animais, Asa Editores, Lisboa, 2007
.
A citação acima irá talvez parecer despropositada quando tivermos chegado ao final deste post. Poderíamos facilmente encaixá-la numa outra situação qualquer, como num texto de José Gil que será aqui reproduzido e que tem a ver, realmente, com a profunda influência dos média nas consciências - individual e colectiva.
Ao falarmos em consciência e média, pensamos de imediato em coisas como as convenções reinantes acerca de novas formas de apreensão da realidade - daí o José Gil - , falamos de comunicação. Mas falamos sempre da comunicação como tendo, no mínimo, um emissor e um receptor. No mínimo, pensamos na comunicação com um propósito, definido ou não, mas consideramos ser esta algo dependente, pelo menos, de uma qualquer programação que obedece a um objectivo: o exemplo de um semáforo que, não sendo consciente, emite sinais dirigidos a receptores que têm a capacidade de os descodificar segundo as convenções existentes. Sinais programados por alguém cujo propósito é o de regular o tráfego.
O que pretendo dizer é simples: o acto de comunicar pressupõe um nível de consciência que, por "básico" que seja, define o teor e o objectivo da mensagem. São palavras minhas e naturalmente sujeitas a correcção [ah! pois! a caixa de comentários...]
E a minha confusão começa aqui:
"Dave Striver loved the university. He loved its ivy-covered clocktowers, its ancient and sturdy brick, and its sun-splashed verdant greens and eager youth. He also loved the fact that the university is free of the stark unforgiving trials of the business world -- only this isn't a fact: academia has its own tests, and some are as merciless as any in the marketplace. A prime example is the dissertation defense: to earn the PhD, to become a doctor, one must pass an oral examination on one's dissertation. Dave wanted desperately to be a doctor. But he needed the signatures of three people on the first page of his dissertation, the priceless inscriptions which, together, would certify that he had passed his defense. One of the signatures had to come from Professor Hart. Well before the defense, Striver gave Hart a penultimate copy of his thesis.
Hart read it and told Striver that it was absolutely first-rate, and that he would gladly sign it at the defense. They even shook hands in Hart's book-lined office. Dave noticed that Hart's eyes were bright and trustful, and his bearing paternal. At the defense, Dave thought that he eloquently summarized Chapter 3 of his dissertation. There were two questions, one from Professor Rodman and one from Dr. Teer; Dave answered both, apparently to everyone's satisfaction. There were no further objections. Professor Rodman signed. He slid the tome to Teer; she too signed, and then slid it in front of Hart. Hart didn't move. ``Ed?" Rodman said. Hart still sat motionless. Dave felt slightly dizzy. ``Edward, are you going to sign?" Later, Hart sat alone in his office, in his big leather chair, underneath his framed PhD diploma."
Este é um texto acerca da traição, coisa tão humana. A tal confusão que me traz este texto é a seguinte: é um texto totalmente elaborado por uma máquina do projecto Brutus 1. Este projecto de inteligência artificial estuda a computação do comportamento e permite a computadores baseados em parâmetros do comportamento humano a faculdade de "idealizar" textos, histórias como esta, de grande "carga humana".
Assim sendo, o emissor não tem um propósito definido no que o leva a comunicar algo. Melhor, ele nem sequer sabe que está a comunicar. Todavia, a mensagem existe e é apreendida pelo receptor.
.
E as perguntas são: Que tipo de comunicação é esta? Até onde pode ir? E aonde nos leva?
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Os autores dizem-nos que "AI is moving us toward a real-life version of the movie Blade Runner, in which, behaviorally speaking, humans and androids are pretty much indistinguishable."
E eu não sei se isso diz tudo.

Luís Carmelo - Qualquer Um Pode Escrever?

A iniciar as hostilidades, deixo por cá a segunda parte de um texto de Luís Carmelo, intitulado "Qualquer um pode escrever? Técnica ou imaginação?", resultado da reflexão em torno das questões propostas pela conferência com o mesmo nome e com textos integrais disponíveis no BOCC e no Recensio. As expressões a negrito e a itálico, os hyperlinks e a imagem são da responsabilidade de CJT.

[imagem: autor desconhecido]

QUALQUER UM PODE ESCREVER? TÉCNICA OU IMAGINAÇÃO?

Luis Carmelo, Universidade Autónoma de Lisboa - transcrição parcial

Tentando responder à segunda questão - "qualquer um pode escrever?" - é evidente que respondo, desde logo, que sim. Até porque as capacidades humanas correspondem a diversos potenciais que, em equidade mínima, diga-se, estão sempre aptas a transformar-se em acto, através do respectivo esforço, vontade e desejo.
Contudo, nem nós estamos aptos a actualizar potencialidades que não perseguimos, ou que, pura e simplesmente, escapam ao limiar da nossa atenção, vontade e desejo. E diga-se, na verdade, que não há instituição reguladora - tal como a CNVM que regula a bolsa - que separe as águas e nos diga quem é e quem não é sujeito-escritor. É por isso que todas as tentativas teóricas que tentaram, à partida, separar conceptualmente literatura e não-literatura, tal como a ideia de literariedade, falharam. Isto não quer dizer que não existam textos que são literários e textos que o não são. Contudo, o aferimento, a inferência, a decisão pertence mais a um círculo hermenêutico e social, onde interagem, de modo eclético, o texto por si mesmo, o texto da crítica por si mesmo e a ambuguidade da consciência de cada um; isto é, do público. O resultado acabará por ser, mais uma vez, uma amálgama, uma soma de diferendos, um espaço aberto de possibilidades. É por isso que a Margarida Pinto Correia e o Mário Cláudio recortam, nesse círculo hermenêutico e social, interesses e paixões diferenciadas; e é por isso, que uma bela quadra de gosto popular e uma passagem do Ulisses de Joyce recortam, nesse círculo hermenêutico e social, interesses e paixões completamente diferenciadas.
Para terminar, queria ainda referir, nesta linha, que subtrai o factor da construção retórica da escrita - tema para um livro, repito - ao factor imaginativo que, se há dúvidas e ambiguidade no que toca à ideia precedente, o mesmo já não acontece quando nos referimos explicitamente à imaginação.
Para o exemplificar, centro-me nas investigações do neurocientista António Damásio, para quem o cérebro é um exemplar contador de histórias. Com efeito, no seio da verdadeira rede de relatos com que concebe o diálogo dos vários níveis da consciência e seus sis, ou seja, da antecâmara que designa por "proto-si" à "consciência nuclear" e desta ao topo da "consciência alargada", António Damásio conclui que "contar histórias precede a linguagem", o que é até, "afinal, uma condição para a [própria] linguagem" [...] "que pode ocorrer não apenas no córtex cerebral, mas noutros locais do cérebro, quer no hemisfério direito, quer no esquerdo" [ibid.:221]
António Damásio [1] vai mesmo mais longe e conclui que toda a tradição, baseada na filosofia da consciência e que sublinha o importante papel da intencionalidade [Husserl, Sartre, Merleau-Ponty, Lévinas, etc.] - para além de outras formas de ênfase à intencionalidade, enquanto prática filosófica - não passa de uma consequência desta verificação simples: a capacidade do cérebro em contar histórias. Diz o autor: esse "dizer respeito a", exterior ao cérebro, tem exactamente "como base a tendência natural do cérebro para contar histórias, o que ocorre sempre da forma mais espontânea possível" [ibid.:221]. Aliás, na discussão que as Luzes empreenderam, no século XVIII, em torno do problema da representação [de David Hume a Kant], já a figura da imaginação surgia como uma entidade decisiva, autónoma e transformadora das interacções estre o representado e o representante.
C. Gianetti [2], referida por Damásio em O Sentimento de Si, também sublinhou o facto biológico e comunicacional que, ao fim e ao cabo, alicerça esta auto-narração humana silenciosa que se arrasta imparavelmente na mente: "Enquanto o corpo permanece imóvel, a mente pode empreender as mais surpreendentes viagens." [...] "A investigação desta capacidade de abstracção do cérebro humano constitui um dos objectivos fundamentais da neurociência" [...] "Para isso, as células criaram um sistema de comunicação baseado em fibras conectoras que estabelecem o nexo de cada neurónio com um número de células vizinhas que pode chegar até dez mil. Estes nós poderiam alcançar a incrível quantidade de mil biliões de conexões interneurais em cada cérebro".
Isto significa que o ser humano é um ser, não só para tomar conta do mundo como adiantou Heidegger, não só para a sobrevivência pura como admite Damásio na sua última obra, mas é também, e desde a origem, um ser com e para a imaginação. Neste quadro, poder-se-ia concuir que a literatura, enquanto exclusiva arte que fala, enquanto extensão possível do cérebro que oensa, é a única forma de delírio e de "loucura" que a modernidade social e legalmente autorizou, não a condenando, portanto, à fronteira racional do hospício.

[1] A. Damásio, O Sentimento de Si, Europa-América, Lisboa, 2000.
[2] C. Gianetti, Traspassar a Pele, o teletrânsito, in Ars Telemática, Relógio D'Água, Lisboa, 1998:120/1