CJT - Às Voltas Com A Consciência e Brutus I

"Na pré-história evolutiva, a consciência aparece como um efeito secundário da linguagem. Hoje, é um subproduto dos média."
John Gray, Sobre Humanos e Outros Animais, Asa Editores, Lisboa, 2007
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A citação acima irá talvez parecer despropositada quando tivermos chegado ao final deste post. Poderíamos facilmente encaixá-la numa outra situação qualquer, como num texto de José Gil que será aqui reproduzido e que tem a ver, realmente, com a profunda influência dos média nas consciências - individual e colectiva.
Ao falarmos em consciência e média, pensamos de imediato em coisas como as convenções reinantes acerca de novas formas de apreensão da realidade - daí o José Gil - , falamos de comunicação. Mas falamos sempre da comunicação como tendo, no mínimo, um emissor e um receptor. No mínimo, pensamos na comunicação com um propósito, definido ou não, mas consideramos ser esta algo dependente, pelo menos, de uma qualquer programação que obedece a um objectivo: o exemplo de um semáforo que, não sendo consciente, emite sinais dirigidos a receptores que têm a capacidade de os descodificar segundo as convenções existentes. Sinais programados por alguém cujo propósito é o de regular o tráfego.
O que pretendo dizer é simples: o acto de comunicar pressupõe um nível de consciência que, por "básico" que seja, define o teor e o objectivo da mensagem. São palavras minhas e naturalmente sujeitas a correcção [ah! pois! a caixa de comentários...]
E a minha confusão começa aqui:
"Dave Striver loved the university. He loved its ivy-covered clocktowers, its ancient and sturdy brick, and its sun-splashed verdant greens and eager youth. He also loved the fact that the university is free of the stark unforgiving trials of the business world -- only this isn't a fact: academia has its own tests, and some are as merciless as any in the marketplace. A prime example is the dissertation defense: to earn the PhD, to become a doctor, one must pass an oral examination on one's dissertation. Dave wanted desperately to be a doctor. But he needed the signatures of three people on the first page of his dissertation, the priceless inscriptions which, together, would certify that he had passed his defense. One of the signatures had to come from Professor Hart. Well before the defense, Striver gave Hart a penultimate copy of his thesis.
Hart read it and told Striver that it was absolutely first-rate, and that he would gladly sign it at the defense. They even shook hands in Hart's book-lined office. Dave noticed that Hart's eyes were bright and trustful, and his bearing paternal. At the defense, Dave thought that he eloquently summarized Chapter 3 of his dissertation. There were two questions, one from Professor Rodman and one from Dr. Teer; Dave answered both, apparently to everyone's satisfaction. There were no further objections. Professor Rodman signed. He slid the tome to Teer; she too signed, and then slid it in front of Hart. Hart didn't move. ``Ed?" Rodman said. Hart still sat motionless. Dave felt slightly dizzy. ``Edward, are you going to sign?" Later, Hart sat alone in his office, in his big leather chair, underneath his framed PhD diploma."
Este é um texto acerca da traição, coisa tão humana. A tal confusão que me traz este texto é a seguinte: é um texto totalmente elaborado por uma máquina do projecto Brutus 1. Este projecto de inteligência artificial estuda a computação do comportamento e permite a computadores baseados em parâmetros do comportamento humano a faculdade de "idealizar" textos, histórias como esta, de grande "carga humana".
Assim sendo, o emissor não tem um propósito definido no que o leva a comunicar algo. Melhor, ele nem sequer sabe que está a comunicar. Todavia, a mensagem existe e é apreendida pelo receptor.
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E as perguntas são: Que tipo de comunicação é esta? Até onde pode ir? E aonde nos leva?
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Os autores dizem-nos que "AI is moving us toward a real-life version of the movie Blade Runner, in which, behaviorally speaking, humans and androids are pretty much indistinguishable."
E eu não sei se isso diz tudo.

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