Habilidades en Salud Mental - Lógica Relacional Humana E Conceitos De Comunicação [I]
[imagem: Luísa Ferreira]
Posteriormente, o profeta da cibernética, Wiener, introduziu o conceito de RECTROACÇÃO: a informação sobre a acção permite ao sistema autocorrigir-se. Nasce a RECTROALIMENTAÇÃO: o receptor devolve e corrige a informação do emissor.
O modelo de Shannon foi adoptado por um linguista, Jacobson, para demonstrar um modelo de comunicação verbal usado até aos dias de hoje.
A inclusão do contexto no qual se produz a comunicação abriu um amplo campo de significados no estudo desta. A proposta do modelo apresentado por Haley é bem ilustrativa.
Transmissão de informação, rectroalimentação do destinatário e contexto comunicacional completam a abordagem a um modelo de comunicação humana e estabelecem três áreas fundamentais do seu estudo:
- SINTÁTICA: estudo da linguagem, dos processos de ruído, redundância, canais, etc.,
- SEMÂNTICA: estudo do significado dos signos,
- PRAGMÁTICA: estudo dos efeitos na conduta.
O contexto da comunicação verbal é a comunicação não verbal.
COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL
A comunicação não verbal deve estudar-se, não como uma unidade isolada, mas como uma parte inseparável do processo de comunicação. Pode servir para repetir, contradizer, substituir, complementar, acentuar ou regular a comunicação verbal. É a linguagem das emoções, identificadas através de inúmeros sinais como as expressões faciais, a postura, actos explícitos, gestos, que demonstram e regulam o comportamento do indivíduo.
DIFERENÇAS ENTRE COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO-VERBAL
Existem várias diferenças entre os dois tipos de comunicação, que permitem conseguir determinar a importância da comunicação não-verbal.
- A comunicação verbal tem uma correspondência arbitrária entre a informação e a sua expressão digital; isto é, entre a palavra e a coisa nomeada não existe uma similitude, apenas uma convenção ou consenso cultural. Por exemplo, não há nada no objecto mesa que remeta para a palavra "mesa". Por outro lado, na comunicação não-verbal há algo particularmente similar à coisa expressa: algo semelhante existe entre um gato e o desenho de um gato. Alguma coisa é captada quando se vê um programa de televisão estrangeiro: a linguagem do corpo tem raízes evolutivas mais arcaicas e, portanto, mais universais.
- A comunicação não-verbal é mais utilizada para definir o tipo de relação que para dar informação. A informação é mais própria do meio digital. A relação entre os animais domésticos e o homem demonstra como aqueles compreendem a linguagem não-verbal que acompanha a palavra.
- É muito difícil uma disfarçar ou mentir na linguagem não-verbal [contrariamente à verbal]. Pode-se comprová-lo quando tentamos imaginar ou expressar com linguagem não-verbal uma falsa ideia de "não estou aborrecido": Teríamos que expressar primeiramente o enfado para logo negá-lo. Também se podem observar na multiplicidade de sinais aqueles que delatam um mentiroso.
- A comunicação não-verbal caracteriza-se pela sua ambiguidade e dificuldade de tradução em linguagem verbal; é apenas definível no contexto onde se produz. Lágrimas, um sorriso, um punho cerrado, cada um será traduzido consoante o contexto do momento: receber um presente pode ser interpretado como afecto, suborno ou restituição, dependendo do contexto prévio.
- A comunicação não-verbal não está sob o absoluto controlo voluntário. Emitimos sinais não-verbais que, por exemplo, determinarão a primeira impressão que causamos numa interacção. Pode dizer-se que "Somos donos das nossas palavras e escravos dos nossos silêncios".
ELEMENTOS DE COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL
Mencionou-se que a linguagem não-verbal é sobretudo a linguagem das emoções. A conexão entre o físico e o emocional manifesta-se nas expressões verbais e corporais e desenvolve-se na interacção social. A linguagem participa nesta ligação reflectida em expressões como "perder a cabeça", "andar de cabeça erguida", ter "cara de poker"...
É clássico dividir as diferentes dimensões da expressão da linguagem não-verbal em CINESIA, PARALINGUÍSTICA e PROXÉMICA.
A cinesia corresponde à linguagem corporal, incluindo gestos, movimento do corpo, expressões faciais, movimentos oculares e postura. Franzir o sobrolho, deixar os ombros caídos ou inclinar a cabeça são condutas compreendidas no campo da cinesia. Num esforço de orientação no mundo relativamente desconhecido da conduta não-verbal, Ekman e Friesen desenvolveram um sistema de classificação dos comportamentos não verbais: Emblemas, Ilustradores, Demonstrações de afecto, Reguladores e Adaptadores.
A paralinguística ocupa-se dos aspectos semânticos da linguagem, prestando mais atenção à forma como se dizem as coisas do que com o seu conteúdo. A voz, a entoação, o ritmo do discurso, as pausas, são considerados elementos paralinguísticos. Através de vocalizações, transmitimos diferentes emoções: autoridade, sossego, raiva, felicidade, segurança... Empregar o tom de voz adequado a cada contexto ou situação é uma poderosa, eficaz e assertiva ferramenta de comunicação.
Na proxémica, o sentido do EU do indivíduo não está limitado pela sua pele. Desloca-se dentro de uma espécie de borbulha privada que representa a quantidade de espaço que sente dever existir entre ele e os outros. Este espaço pode variar em função de cada cultura. Este comportamento de territorialidade também pode ser observado em animais. Na nossa cultura ocidental existe uma escala aproximativa:
- DISTÂNCIA DE CONTACTO: a esta distência, as pessoas comunicam-se não só por meio de palavras mas também pelo tacto, odor, temperatura do corpo;
- DISTÂNCIA PESSOAL PRÓXIMA: a esposa pode permanecer a seu gosto dentro da bolha do seu marido mas talvez esta se sinta incomodada se outra mulher o tentar;
- DISTÂNCIA PESSOAL LONGÍNQUA: está limitada pela distância do braço, isto é, pelo limite do domínio físico;
- DISTÂNCIA SOCIAL PRÓXIMA: num gabinete, as pessoas que habitualmente trabalham juntas normalmente adoptarão esta distância para conversar;
- DISTÂNCIA SOCIAL LONGÍNQUA: corresponde às conversas formais. Os gabinetes de pessoas importantes tendem a ser bastante amplos por forma a manter esta distância em relação aos seus visitantes;
- DISTÂNCIA PÚBLICA: adequada para pronunciar discursos ou tipos muito rígidos e formais de conversação.


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